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Carlos Artur R. Nascimento: Um homem de uma inteligência admirável.

outubro 26, 2021Prof. Dr. Joceval Bitencourt


Carlos Artur R. Nascimento. Um homem de uma inteligência admirável. Senhor de uma generosidade intelectual pouco comum. Por quase cinco anos, convivemos. Ele foi o meu orientador no doutorado. Um profundo conhecedor do pensamento Medieval. Doutor em São Tomás de Aquino, com domínio em todo o território da Escolástica, com alcance aos pensadores da Patrística, inclusive Santo Agostinho, claro. Tradutor do latim, inglês, Italiano, francês, com domínio da língua grega, etc. Abandonou o claustro dos dominicanos, onde aprendeu a estudar e a amar São Tomás de Aquino, autor ao qual se dedicou ao longo de sua vida, para dedicar-se a vida civil. Constituiu família. Tornou-se professor universitário. Eu tinha uma profunda admiração por sua formação intelectual, mas, o que mais me encantava nele, era sua generosidade intelectual. Deixou a vida religiosa, mas não abandonou a sua fé, não abandonou a sua religião. Se não bastasse isso, o autor, no qual se doutorou e dedicou a sua vida de estudo, São Tomás de Aquino, “O Boi Mudo da Sicília”, é um Doutor da igreja católica. Apesar dessas características marcantes de sua formação intelectual, aceitou-me como orientando, mesmo sabendo que o meu projeto de trabalho se confrontava, de forma direta, com as suas escolhas filosóficas. Da minha tese, nasce um livro: DESCARTES E A MORTE DE DEUS, lançado pela editora Paulus. Ele poderia ter dito: “esse seu tema não me interessa, encontra-se fora dos meus interesses acadêmicos, não tenho como orientá-lo”. Não, ao contrário, mesmo sendo a morte de Deus o tema de minha tese, ele me acolheu, e, generosamente, me orientou. Não poderia ter encontrado orientador melhor. Em nenhum momento, durante toda a minha orientação, este nobre intelectual, me censurou ou tentou desviar minha rota de reflexão, conduzindo-me em direção aos seus interesses de estudos. Nunca usou o seu sólido saber, para combater o meu saber inicial. Não. Muito pelo contrário, em muitas vezes ele era o primeiro a me indicar material, por mim desconhecido, mas que me ajudaria e ampliaria a qualidade de meu trabalho. Deixava suas convicções filosóficas em silêncio e, emprestando a sua inteligência, colaborava para que seu orientando fosse bem-sucedido em sua empreitada. Era um devoto de Deus que nunca deixou a sua fé, interferir em sua reflexão filosófica. A tese: Crer, para compreender, tão presente nos autores por ele estudados, ao que parece, não era por ele adotada. É um humanista, um devoto da razão, um livre-pensador. Dei muita sorte em tê-lo encontrado. Obrigado Carlos Arthur.

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